sábado, 26 de outubro de 2019

13-A CONTRA-HISTÓRIA

13-A CONTRA-HISTÓRIA

O padre condena a pedofilia, o deputado chama o povo de corrupto, o pastor vende o cartão de crédito do céu e acusa o fiel de blasfêmia.

O redondo cobra do torto retidão, a mulher do seu filho varão que seja macho, o impotente cobra ereção do saudável.

O papa sataniza o ateísmo, a polícia proíbe o tiro de espoleta e atira de escopeta na própria polícia fardada.

O cego diz que o míope não vê, o agnóstico diz que o carola não crê, a prostituta protege os bons costumes.

O gay encubado, que não se assume, ataca os gays com quem dormiu, o maior dos ladrões vigia a delegacia, o louco acusa o sábio de loucura.

Manda o incapaz, o bandido vira capataz, a competência se priva, a companhia telefônica acusa o cliente de roubar os próprios créditos, a agência não devolve o dinheiro porque nunca erra, como um oráculo.

O correto é que precisa de advogado, o sargento vai para a cadeia, dinheiro se guarda na meia, o invasor é o habitante da aldeia e não o da cidade.

O traidor odeia a infidelidade, o bêbado acusa o sóbrio de boêmia, o banqueiro fala mal da burguesia.

O ditador acusa a liberdade de tirana, o miserável chama de pobre a cama da classe média, os Estados Unidos chamam o Iraque de terrorista.

O culpado procura uma pista que culpe o honesto, o bispo acusa o pajé de charlatanismo, a companhia de água vende barro na pia e cobra dobrado.

A companhia de energia em vez de devolver os bilhões acumulados indevidamente, sobe o valor dez vezes enquanto promete que a conta do cidadão ficou mais reduzida.

A gasolina sobe de preço apesar do pré-sal, os jornalistas são assassinados, virando a própria notícia.

A Europa é que fale, os desordeiros deturpam a anarquia, o alienado chama o mundo de fantasia, a História é destruída pelo poder público, que jura ser para o bem.

E o poeta escreve para um Brasil analfabeto.

Ateu Poeta
04/08/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário