13-A CONTRA-HISTÓRIA
O padre condena a pedofilia, o deputado chama o povo de corrupto, o pastor vende o cartão de crédito do céu e acusa o fiel de blasfêmia.
O redondo cobra do torto retidão, a mulher do seu filho varão que seja macho, o impotente cobra ereção do saudável.
O papa sataniza o ateísmo, a polícia proíbe o tiro de espoleta e atira de escopeta na própria polícia fardada.
O cego diz que o míope não vê, o agnóstico diz que o carola não crê, a prostituta protege os bons costumes.
O gay encubado, que não se assume, ataca os gays com quem dormiu, o maior dos ladrões vigia a delegacia, o louco acusa o sábio de loucura.
Manda o incapaz, o bandido vira capataz, a competência se priva, a companhia telefônica acusa o cliente de roubar os próprios créditos, a agência não devolve o dinheiro porque nunca erra, como um oráculo.
O correto é que precisa de advogado, o sargento vai para a cadeia, dinheiro se guarda na meia, o invasor é o habitante da aldeia e não o da cidade.
O traidor odeia a infidelidade, o bêbado acusa o sóbrio de boêmia, o banqueiro fala mal da burguesia.
O ditador acusa a liberdade de tirana, o miserável chama de pobre a cama da classe média, os Estados Unidos chamam o Iraque de terrorista.
O culpado procura uma pista que culpe o honesto, o bispo acusa o pajé de charlatanismo, a companhia de água vende barro na pia e cobra dobrado.
A companhia de energia em vez de devolver os bilhões acumulados indevidamente, sobe o valor dez vezes enquanto promete que a conta do cidadão ficou mais reduzida.
A gasolina sobe de preço apesar do pré-sal, os jornalistas são assassinados, virando a própria notícia.
A Europa é que fale, os desordeiros deturpam a anarquia, o alienado chama o mundo de fantasia, a História é destruída pelo poder público, que jura ser para o bem.
E o poeta escreve para um Brasil analfabeto.
Ateu Poeta
04/08/2011
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