
16-O MALANDRO DA QUERMESSE
Nas festas de Igreja era costume a realização de bingos e leilões de galinha caipira à cabidela, pra falar a verdade ainda existe. O que talvez não haja é o mesmo boêmio a tramar façanhas iguais aquelas.
Um sujeito de duas caras que era irmão do tocador de tuba, este quando ia tocar não conseguia tirar som do instrumento, pois o outro jogava todos os frangos possíveis no âmago do mesmo. O jeito era prosseguir com o golpe.
Bebendo, mais tarde, e comendo os frangos com farofa de tira-gosto; eis que lhe surgia vez por outra um tocador de trompete, trombone ou outro instrumento de sopro qualquer, com a boca toda papocada.
_O que houve contigo, meu amigo, tua boca tá cheia de calo? É por isso que eu não toco nada.
_Algum paspalho pôs pimenta nos bocais da banda inteira, já é a terceira vez._O amigo inocente nem imaginara estar se queixando para o próprio autor da tramoia._Esses frangos foram roubados da quermesse, foi tu?
_Eu ia muito fazer isso mesmo! Tá doido? Acontece que um cara passou vendendo aí por quinze contos e eu comprei.
_Quem era?
_Acho que é de fora.
_Sim, mas tem que devolver!
_Eu vou já perder meu dinheiro, tu não quer? Mas, se você me comprar eu vendo, na hora. Qualquer trintinha...
_Se tu comprou por vinte...
_É a inflação!
Ateu Poeta
02/11/2007
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