sábado, 26 de outubro de 2019

35-DELÍRIO DO ATEÍSMO 2: ATUALIZAÇÃO


Em 2011 fiz um texto destrinchando as questões da fé, ao mesmo tempo tentando simplificar, eis que dá para simplificar um pouco mais, então resolvi fazer isso agora.

Uma errata aqui é que eu achei que tivesse inventado na época o termo "adeísmo", que por algum motivo que desconheço agora está muito difícil de se achar na internet.

Eu não criei o termo adeísmo, ele já existia, não sei que o crio, e mesmo se eu tivesse criado eu não criei a prática adeísta assim como ninguém criou a prática do ateísmo, é uma coisa natural; logo, o adeísmo também é algo natural, mais precisamente uma busca para o natural que para em algum ponto e impede que a pessoa saia da caverna por talvez já pensar que saiu ou achar lá fora perigoso demais e resolver ficar ali na porta da caverna, o que os atores do teatro chamariam de ribalta. O adeísta é um ser na ribalta entre o teísmo e o ateísmo, mas para chegar ao ateísmo é preciso sair da caverna e entrar no palco, ultrapassar a ribalta. 

Alguns historiadores erroneamente chamaram já o nazismo, o positivismo e o budismo de "religiões ateístas" por serem religiões sem um deus, mas estão redondamente enganados, o fato de ser sem deus não significa ser ateísta, porque há um profundo desconhecimento do que é ateísmo, inclusive entre a maioria dos que se dizem ateus, mesmo entre ateus consagrados como Dawkins por exemplo e outros tantos endeusados na internet e uma ignorância maior ainda sobre o que é adeísmo, e isto é ainda mais grave e difama os ateus.

Budismo: uma religião que negou os deuses hindus e pois o antigo deus Buda como uma espécie de semi-deus, um humano com poderes, ainda avatar da antiga deusa Vishnu. Não sei como eles conseguem adorar um avatar e negar a deusa que o gerou ao mesmo tempo, mas esta não é a questão aqui e não interessa. É uma religião adeísta por não acreditar em deuses mas continuar mística.


Nazismo: é uma religião que confunde crenças celtas e germanas com arianas, o próprio termo ariano era burramente usado por Hitler como sinônimo de germanismo sendo que germanos e arianos são povos de origens e costumes completamente distintos. Apesar do próprio Hitler se declarara ateus e dizer que tinha assassinado todos os ateus do mundo, ele criou esta religião, o nazismo, que era uma grande salada de religiões e ao mesmo tempo não importava o que qualquer deus de fato queria mas ele que era o ser supremo as ideias de deuses dos outros eram apenas jaquetes.

Muitos para difamar os ateus dizem que Hitler era ateu, mas o fato é que Hitler era muito místico, e ateu de verdade não tem misticismo ao mesmo tempo em que ele se declarava católico mas seguia aos seus próprios desejos. Se ele próprio não era adeísta fez com que milhões fossem ou que misturassem o adeísmo nazista com os politeísmos germano, celta, ariano-hindu e o monoteísmo católico, uma salada grande no fim das contas.

Positivismo: O positivismo também erroneamente chamado de "religião ateísta", é na verdade uma religião adeísta, que nega os deuses e troca as demais figuras do baixo clero deísta por artistas chamados de "virtuoses", como Mozart e Beethoven por exemplo.

Passada esta questão sobre os 3 principais adeísmos no mundo, que na prática se resumem numa coisa só: não acreditar em seres supremos mas continuar acreditando em seres mágicos menores; passaremos para o texto em si feito em 2011 agora com simplificação porque os 14 modos de lidar com a crença podem ser fundidos, e, assim, espero que fique mais compreensível para quer ler.

1.DELÍRIO DA RAZÃO

Seria o ceticismo uma evolução genética, uma propensão genética para não crermos naqueles que nos enganam como mecanismo de defesa, a fim de garantir a auto-preservação?

O ateu, um dos modos de ceticismo que existe, seria, assim, um ser evoluído, num dos testes de sobrevivência do DNA?

Não, não há diferença no DNA, logo, não é um ser propenso a substituir ou desvanecer da face da Terra. Porém, existe algo de especial no ateu que já foi religioso e consegue, apesar da lavagem-cerebral cultural sofrida por anos a fio, chegar a um certo grau de sanidade que, talvez, nem todos possam adquirir: a chamada resiliência.

O resiliente, como se diz na filosofia a partir da psicanálise, seria o ser capaz de vencer a própria cultura, que consegue vencer todas as barreiras intelectuais e criar a própria moral, o que, de fato, não existe. Contudo, existe algo parecido, o ceticismo, que, em ultimo grau, assim como o delírio, causa equívoco no sujeito tão forte que este será capaz de afirmar que nada existe, logo, isso é uma grande ilusão racional, um delírio da razão, que, provavelmente, leva à loucura pela incapacidade do cérebro humano, de hoje, de lidar com informações contrárias, o que provoca vômitos, mal-estar e outros mecanismos de evacuação do veneno que o corpo produz nessas ocasiões, que, se não evacuar, talvez virem coágulos, que desencadeiam em outras complicações psicossomáticas ou fisiológicas.

2. DELÍRIO DA FÉ

Possuímos mecanismos de conservação que, como a natureza em si, são falhos. Um deles é referente à perseguição. A coisa mais fácil do mundo é achar que alguém nos quer mal, mesmo que esse alguém não exista, imaginamos que ele nos vigia, para algum fim contra a nossa vontade e bem-estar, o que seria uma ilusão.

Ilusão é uma coisa comum a todos; ver o que não está ali, escutar vozes sem um interlocutor humano, sentir calafrios, etc. Todavia,quando uma ilusão surge muito forte chama-se delírio e o delírio permanente pode ser um começo de loucura, que se desenvolve por vários meios, um deles é a síndrome do pânico, outro seria a esquizofrenia, que devem ser controlados com psicotrópicos, aquela tem cura e este não.

Também há surtos temporários dos quais todos estamos propensos a ter, havendo, é claro, os fatores de risco, cujo principal deles seria o uso de psicodislépticos, tanto euforizantes, como o álcool, ópio e cocaína, quanto alucinógenos, como lidocaína e amido de do ácido lisérgico.

Fatores externos como a música, escultura e pintura nos levam a leves ilusões, principalmente quando atrelados a outros fatores de risco, como o uso de psicodislépticos e longos jejuns, podendo, desse modo, encaminhar para um estado de alucinação profundamente delirante, e quando surge o estado de euforia é que se torna mais forte a sensação que desencadeia uma loucura tão profunda que muitos dirão ter participado de experiências transcendentais.

Não é estranho que a maioria das grandes alucinações aconteçam quando estamos desatentos, por um período de fraqueza física ou emocional?

Isso é um conhecimento que vem desde a antiguidade, muito provavelmente, desde as formações das supostas primeiras tribos, transmitido apenas para xamãs, druidas, pajés e outros tipos de sacerdotes, e, talvez, tenha caído em mãos de alguns outros, que, aliados aos sacerdotes, ora superiores, ora inferiores a eles, os ajudaram a governar ou os subjugaram, forçando-os a usar seus conhecimentos científicos, se é que assim podemos chamar, e ritualísticos, para persuadir todos aqueles que deveriam obedecer, daí, terceiros foram induzidos a servir de guardiães daquela pequena elite.

Para os céticos existem dois caminhos: Primeiro, comprá-los. E, provavelmente, muitos deles assumiram o poderio religioso, militar e ambos, ou viraram nobreza ociosa, que apenas luxava.

Daí, alguns deles viraram grandes artistas, o que fez com que se desenvolvessem técnicas mais eficazes de transformar uma pequena tribo num grande império, porque foram criadas linguagens universais através da arte, facilitando o poderio de todas as formas possíveis antes e depois das guerras com outros povos e a controlar revoltas internas, justificando-se os castigos e divulgando-os como exemplo através de pinturas, esculturas, músicas e, mais tarde, da escrita.

A escrita, atrelada às demais belas-artes, criava outras artes, como a literatura e virou, hoje, talvez, a maior arma de persuasão de todas, principalmente porque a maioria não tem pleno acesso a ela diretamente, o que a torna praticamente de uso elitista.

O segundo modo de lidar com os céticos foi matá-los. Mas, isso faz com que se crie mártires, alimentando, assim, a fé de outros. O incrível é que a própria fé que inibe o ceticismo o alimenta, uma vez que se cria uma falsa verdade sob a qual se deva acreditar sem ver e ao mesmo tempo despreza as verdades alheias.

Isso é o grande delírio da fé que gerou sempre conflitos intermináveis de causas vazias e absurdas; tanto serviu para manter grandes impérios quanto para criar cisões até mesmo dentro do círculo familiar que temos vivenciado nessa era capitalista de início de século 21.

3.DELÍRIO EMOCIONAL

A razão por si mesmo não existe, ela é um mecanismo de sobrevivência completamente dependente dos sentimentos, assim como esses os são em relação aos sentidos e à interpretação neural que aprendemos a chamar de mente, logo, o fator emocional é capaz sim de provocar delírios.

Um sujeito em quadro depressivo forte poderá, sem medicação, evoluir para um quadro neural complicado, como um surto psicótico? Tudo indica que sim, uma vez que a razão só existe enquanto houver sentimento. O pensamento é induzido diretamente pelo quadro clínico do paciente em questão, que, uma vez debilitado emocionalmente não permanecerá são, caso seja essa debilidade um fator agravante que se alastre perene e gradativamente.

Fala-se muito em inteligência-emocional, mas isso já é um delírio da psicanálise, que, por sua vez, usa meios profusamente místicos de Freud, Jung e Ana Freud. Já se perguntou se a "inteligência-emocional" existe ou se o que existe é uma simples técnica de fingimento sem a qual os grandes negócios podem ir pelo ralo, não passando apenas de inibição emotiva, que de algum modo terá que ser extravasada mais tarde?

O capitalismo não é delirante? Nós fomos criados num mundo de mentiras, onde tudo é pecado, mas pra onde vão nossos impostos? E, pra vai o dinheiro do dízimo?

DELÍRIO DO ATEÍSMO

Elaborei uma lista sobre os 8 modos possíveis lidar com a crença mística  . Em vez de deus uso a palavra Lobão e, substituo todas as demais formas místicas inferiores por lobinho. Caçador é empregada para significar fé. Super-caçador significa desespero, lobo é aquele que consegue voltar ao estado natural de quase sanidade. Não-caçadores são os de mente sã completamente, no quesito religioso apenas.

Uso o termo Adeísta para separar "ateus místicos" de ateus de verdade. Ser ateu é o mais elevado grau de sanidade, já ser cético-extremo é um erro; é o que poderíamos chamar de delírio do ateísmo, inclusive porque é um falso ateu, de exemplo Descartes, que negava a si mesmo para afirmar a existência de Deus, um exemplo claro e clássico de cético extremo e de como ser cético não é ser ateu.

O ceticismo extremo é sempre um erro, logo, ser deísta, teísta, pandeísta ou panteísta, no quesito cético é o mais alto grau de delírio da fé e da razão simultaneamente. Já é delirante ter fé, seja ela ainda um resquício, como no agnosticismo e no adeísmo ou forte, como nos outros modos de crer, uni-las à razão é um super-delírio supernatural psicossomático.

Caçadores:  Adeísta, Agnóstico, Teísta, Deísta, Panteísta.


Lobo-não-caçador:  Cosmoteísta 

Não-caçador: Ateu

1. Ateu Sabe que a caça não existe. Alguns nunca caçaram, outros se libertaram do vício de caçar.

2. Adeísta: Sabe que o Lobão não existe, então, caça apenas os lobinhos. Às vezes ele próprio cria seus lobinhos, inspirado em outras matilhas inexistentes, só pelo prazer de caçar.

3.Agnóstico: Não sabe se deve caçar ou soltar o mosquete.

4.Teísta: Caça Lobão e lobinhos. Quem não caça em seu bosque é louco.

5.Deísta : Só existe o Lobão a caçar. Não existem lobinhos.

6.Panteísta: Caça em todos os bosques, Lobões e lobinhos.

7. Cosmoteísmo: A crença de que o Lobão é o próprio universo, ela se divide em 3 visões: 

a) Cosmoagnosticista: o Lobão é o próprio universo, logo, se encontra em seu estômago, de onde jamais sairá, não podendo, assim, provar-lhe a existência, de todo modo uma resposta final é impossível. 

b) Cosmoadeísta: Tudo o que existe são lobinhos, inclusive ele, e se juntar tudo, essa fusão é o próprio Lobão, que não existe isoladamente à parte. O Lobão morreu ao nos criar. Talvez Nietzsche tenha pensado nesta possibilidade ao sugerir que "Deus está morto".

c) Cosmodeísmo: Não seria diferente de um deísmo comum original de imaginar um Lobão fraco, porém, neste caso o Lobão é o próprio Universo que pode ou não se manifestar de várias maneiras, mas é mais provável que não se manifeste nunca por ser uma Lobão à beira da morte.

Ateu Poeta
16/12/2018

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