sábado, 26 de outubro de 2019

20-O VOO DO FALCÃO

Lembrei duma ocasião em que ri sozinho ao escutar uma conversa por acaso. Não sei se aconteceu de fato como o sujeito contou ao amigo do lado direito à janela do lotado ônibus da volta pra casa.

_Eu tava no sertão com uns primos passando as férias. Agente andava num buggy, sabe? De repente, passam pela gente dois caras numa falcon verde, um deles gritou de zombaria esculachando nosso carro, cara! Nos chamou de tartaruga e tudo.

_Macho, eu lembro desse dia!_Disse um homem de blusa azul e boné preto, pelo que pude notar._Eu te mostrei as marcas de pneu na areia.

_Pois é, _Retomou o primeiro._ os caras nunca foram por lá antes, não tinham a menor ideia de como a curva mais adiante era fechada.


_E aí?_ Indagou o da janela._Eles morreram?

_Não._Insistiu o rapsodo original._A moto simplesmente desapareceu.

_Como assim?

_Sumiu! Restando só uma poeira desgraçada.

_Vocês pensaram bem que fosse alma, não foi?

_Agente arregaçou pra vê-los e nada. Eu fiquei meio assim...

_Eu cutuquei o braço dele_ Tomou a palavra o de vermelho._ e disse; tu viu aquelas marca de pneu lá atrás?

_Onde? Eu perguntei.

_Lá na curva. Aí foi o jeito a gente voltar pra conferir.

_Tinha uma decida braba, cara, depois da curva. Eu só escutei aquele “ai, ai” lá embaixo.

_Tava eu, ele e mais dois._ Disse o de vermelho.

_Quando a gente desceu, _Continua o outro._ os otários deram um voo e aterrissaram em cima duns cactos. Só gemendo. Nós não aguentamos, claro que ajudamos a subir a moto e a tirar os espinhos; mas foi depois de mangar muito, meu irmão!

Ateu Poeta
24/10/2007

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