Um certo rapaz que trabalhava de pedreiro antigamente, além de entender de encanação, gostava de aprontar presepadas.
Tinha um amigo que vivia de bicos, sendo peão, sem nunca arranjar emprego fixo; este era o comparsa predileto. O primeiro chamarei de Lucas e o segundo de Mateus para melhor contar essa história.
Lucas estava a mais de dois meses sem ser chamado para nenhuma obra e atolado em dívidas, precisava arranjar um meio de descolar uma grana. Então, teve uma ideia; como já era conhecido por desentupir fossas, bastava entupi-las para que alguém o chamasse.
E isso era fácil porque o cano de esgoto vai direto para o rio, basta entulhar. Depois é só remover. Realizou a façanha inúmeras vezes sem que ninguém desconfiasse.
Mateus, por sua vez, invadia quintais alheios para roubar frutas. Numa dessas, o dono o avistou tirando mamão escondido.
_Desça daí, seu cabra! Esses mamões são pra vender. Se tu quiser um que compre.
_Então toma._O invasor joga algumas das abóboras na cabeça do dono e foge pelos telhados ao vê-lo com um machado na mão.
Mateus também era perito em arrombar fechaduras sem deixar vestígio. Por vingança, à noite, abre a porta da casa do feirante, sabendo que este estava bebendo em algum bar. Com uma goiva corta um montante das bananeiras do sítio, depois junta com um monte de feno e joga tudo na sala e cozinha alheia.
Ao regressar, o vendedor vendo aquela bagunça, completamente bêbado, exclama: _Égua! Isso é uma casa ou é uma vacaria?
Conta-se que a dupla de boêmios roubou uma galinha, vendendo à uma mesma irmã oito vezes seguidas. E como se não bastasse, os meliantes voltaram a roubar novamente da irmã para comer de tira-gosto.
No dia seguinte, os trapaceiros são intimados a depor.
_Eles me venderam oito frangos ontem e depois roubaram todos, seu delegado._Diz a freira.
_Não, senhor. É que lá têm muito timbu. O Mateus viu três ou quatro por aquele lado.
_Foram eles que comeram as galinhas, eu só vendi. Não tive nada a ver com isso!
Ateu Poeta
11/02/2008
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