14-A FÁBULA DOS FEIJÕES
A garota, deitada num dos sofás, com o branco livro pelo meio, Lê alto, de modo que o irmão escute.
_E o feijão falou pro outro: “Gostei muito da comparação desse plasma com a nossa residência. As dimensões parecem , de fato, parecem com as janelas de ventilação.”
“Tô com canudo. Tô com fome! Que botão é o mouse?”
“O engraçado é que esse jogo dos humanos é todo baseado na mitologia.”_As paredes eram repletas de caixa-arquivo embutido. Do último andar uma semente verde pergunta: “Cê viu onde eles guardam o refri?”
“Não. Dá dois cliques no delta “a” vermelho-claro 26”
“E depois?”
“Arrasta o underline azul ultra-marino até a tela da categoria ômega “b” 42 preto”
“No underline da elipse ou da hélice?”
“Não, cara. No delta, novamente.”
“Aqui diz: _Você está com fome?”
“Clica aí que vai abrir a plataforma com tudo o que é tipo de mercadoria.”
“Show, my brother! Quières uno refri?”
“Off course, mon valet-gentleman!
“Como eu envio?”
“Pelo amarelo 18.”
“Xii! Dematerializou!”
“Agora, manda o canudinho!”
“Há quanto tempo você nasceu, pra saber de tanta coisa?”
“Faz 2 dias. Passei algumas horas estudando aquele Hamster que eles chamam de cobaia. Libertei-o do labirinto com uma câmera embutida.”
_E o outro feijão embaixo interrompe:
“Cê já desenhou o mapa?”
“Já, mais eu rasguei. Não haverá fuga.”
“E quanto à nossa liberté?”
“Lá fora não existe vida, tudo o que sobreviveu foi esse laboratório, com aqueles caras de jaleco tentando reconstruir tudo o que seus antepassados destruíram. Nós seremos plantados quando conseguirem restaurar algum solo fértil no deserto aterrador que é lá fora.”
“Cê quer dizer que a camada de ozônio...”
“Já era. Mas, não adianta todo esse esforço.”
“Claro que adianta. Pelo visto, toda a água que temos está sendo recolhida dos cometas no espaço-sideral, não é verdade?”
“Tudo bem, o oxigênio do laboratório é limitado, o ar-condicionado não substitui a floresta, e tudo mais... Contudo, daqui a pouco o Sol cresce.”
“Temos que nos mudar pra outro planeta, então?”
“Se quisermos viver”
“E por quê cê num fez o projeto ainda?”
“Não sou bom com números, minha inteligência artificial é totalmente dialética. Carecemos de um legume científico.”
“De forma alguma, eles já destruíram o mundo uma vez, com suas revoluções industriais. É hora da revolução intelectual.”
“Vamos fazer isso mais tarde. É hora do upgrade.”
Ateu Poeta
05/10/2009
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