sábado, 26 de outubro de 2019

24-VOVÓ ASSASSINA


Antes de ontem, ao subir no ônibus, um grupo de rapazes tirava sarro de uma senhora, um deles esfregava a cabeça num gesto de dor. Eram quatro jovens que voltavam pra casa; participam de um projeto do exército no qual fazem estágio em troca de estudo, pelo que entendi.

_Ele está moco!_Dizia o da frente. Não passamos a roleta pois não tinha lugar vago na frente. Sobrou apenas um espaço junto aos garotos, onde minha mãe sentou.

_Cara, se eu tivesse em pé tinha caído!_Afirmou o que esfregava a nuca.

_Se ele não tivesse merendado...

_Ela disse:_Vou bater num desses três._Eu ouvi._Zombou um deles. E explicou: Quando ela entrou,_Apontou para a senhora com duas sacolas de compras emaranhadas junto à janela._o motorista acelerou de repente e a sacola bateu na cabeça dele.

_Se fosse em mim, eu tinha desmaiado._Falou entre risos o que se mantivera quieto até então.

_Pelo menos tu tem três pra te carregar._Falei.

_É, eles me jogam no camburão do lixo.

_É o táxi._Concluí.

_Ninguém pode passar primeiro ou..._Minha mãe fez o gesto de tesoura cortando. Depois contou um acontecido:" Três mulheres conversavam alto perto de mim, eu estava meio com raiva e disse: _Parece um bando de periquitos! Uma falou: _Depois dessa, eu nunca mais bebo Coca-Cola! Percebi que meu vestido lembrava realmente, pelos detalhes granulados e pela cor._Mãe,_Advertiu minha filha._a gente não mexe com esse povo desconhecido._Agora é tarde. Respondi.".

Nesse momento, a senhora promete à sua vítima não intencional, que não parava de se mal-dizer:_Você vai ganhar um presente lá na frente.

_Outra piza._Zombou um dos colegas.

_Vamos apostar como daqui pra noite tu apanha?

_O Fernando Sabino_Interrompi, após um descer_serviu o exército também.

_Só tu que não serviu._Atalhou minha mãe.

_Ele respondia no lugar de um colega e vice-versa quando o outro fugia._Concluí.

_O sargento lá é lesado, passa só uma folha. A gente assina por todo mundo. 

A senhora se vira para o trocador e indaga:_Eu posso descer por trás?_Ele não permite.

_Eu não pago a passagem se o motorista não abrir a porta.

_Eu não também não pago.

_Eu não passo meu pass-card. 

A senhora se levantou, o garoto que fora golpeado ajudou-a com as compras, entre as quais, frangos congelados. Percebemos o peso, ele disse que fora justo do lado mais pesado que acertara sua cabeça.

_Passe, vovó assassina, em seguida, eu entrego pela porta._E o fez.

_É agora que me vingo!_ Disse minha mãe a sorrir apontando para ele. 

Quando a senhora recebe as compras do garoto, os outros se levantam e berram: _Vai-te embora, velha assassina!

Ateu Poeta
30/03/2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário